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Foto do escritorAlice Mello

Por Que Jung e Freud Rompem? Entenda os Motivos que Separaram Dois Gigantes da Psicologia

Montagem em preto e branco com Carl Jung à esquerda e Sigmund Freud à direita, dois dos maiores nomes da psicologia. Jung, com expressão contemplativa e as mãos apoiadas, parece refletir profundamente. Freud, segurando um charuto, olha diretamente para a câmera com um ar sério. O fundo apresenta elementos gráficos abstratos com círculos e quadrados, simbolizando suas distintas abordagens e visões na psicologia.

A relação entre Carl Gustav Jung e Sigmund Freud é uma das mais fascinantes da história da psicologia. Embora ambos tenham começado como colaboradores e amigos próximos, suas visões divergentes sobre a mente humana e o papel da psicanálise acabaram por levar a uma ruptura profunda. Neste post, vamos explorar os motivos que levaram Jung e Freud a se separarem e o impacto disso no desenvolvimento da psicologia moderna.


A Amizade e Parceria Inicial

No início do século XX, Jung e Freud encontraram-se e logo desenvolveram uma amizade sólida. Freud, então com cerca de 50 anos, via em Jung um herdeiro de seu trabalho e uma figura que poderia levar a psicanálise para além dos limites da Áustria. Jung, por sua vez, estava fascinado pelas ideias de Freud e acreditava que sua teoria sobre o inconsciente poderia ajudar a explicar muitos dos mistérios da mente humana.


As Primeiras Divergências: A Natureza do Inconsciente e quando eles rompem

Diagrama da estrutura da psique segundo Carl Jung, mostrando as camadas do "Mundo exterior" e "Mundo interior". No centro está o "Self", cercado pelo "Ego", "Persona", "Sombra" e "Animus-Anima". Linhas conectam o inconsciente coletivo e o inconsciente pessoal, destacando a interação entre a consciência e o inconsciente na formação da identidade.
Diagrama da estrutura da psique segundo Carl Jung

Um dos primeiros pontos de tensão entre Jung e Freud foi a natureza do inconsciente. Freud via o inconsciente principalmente como um repositório de desejos reprimidos, em grande parte ligados a impulsos sexuais e agressivos. Para ele, a psicanálise deveria focar-se nessas pulsões e na forma como influenciam o comportamento humano.

Jung, entretanto, tinha uma visão mais ampla e menos centrada na sexualidade. Ele acreditava que o inconsciente era composto de duas camadas: o inconsciente pessoal, semelhante ao que Freud descrevia, e o inconsciente coletivo, uma estrutura compartilhada por toda a humanidade que continha arquétipos e símbolos universais. Esse conceito foi um dos grandes pontos de discórdia, pois Freud não aceitava a ideia de um inconsciente coletivo.


Espiritualidade e Simbolismo: Jung Vai Além do Materialismo de Freud

Capa do livro "Espiritualidade e Transcendência" de C.G. Jung, com seleção e edição de Brigitte Dorst, publicado pela Editora Vozes. A capa apresenta um fundo preto decorado com uma borda de círculos coloridos em padrões variados, que sugerem elementos simbólicos e culturais
Capa do livro "Espiritualidade e Transcendência" .

Outro ponto de conflito foi a abordagem de Jung em relação à espiritualidade e ao simbolismo. Freud, profundamente materialista, acreditava que qualquer fenômeno psíquico deveria ter uma explicação científica. Ele rejeitava a espiritualidade e a religião como ilusões, produtos da mente para lidar com o medo e a repressão.

Jung, por outro lado, enxergava valor nas experiências espirituais e religiosas, acreditando que elas desempenhavam um papel importante na saúde mental e no autoconhecimento. Para ele, os símbolos e mitos presentes nas culturas humanas ofereciam insights profundos sobre o inconsciente e poderiam ser utilizados no processo terapêutico.


A Controvérsia em Torno da Libido

Freud considerava a libido – a energia sexual – como a principal força motriz do desenvolvimento humano. Para ele, quase todos os comportamentos e neuroses tinham raízes em impulsos sexuais reprimidos. Jung discordava fortemente dessa visão. Ele via a libido como uma energia psíquica mais ampla, não limitada apenas à sexualidade, mas também associada a impulsos criativos e espirituais.

Essa diferença de perspectiva foi crucial para o rompimento entre eles. Jung acreditava que a obsessão de Freud pela sexualidade como explicação universal era limitadora e reduzia a complexidade da psique humana.


A Quebra Definitiva: De Discípulo a Rival

Com o passar do tempo, essas divergências teóricas se intensificaram. Em 1913, Jung e Freud romperam definitivamente. A ruptura foi difícil para ambos, mas especialmente para Jung, que sofreu uma crise pessoal após o término da amizade. Ele mergulhou profundamente em seu próprio inconsciente, o que resultou na criação de muitas de suas teorias fundamentais sobre psicologia analítica.

Após a ruptura, Jung desenvolveu conceitos que se tornaram centrais na psicologia analítica, como os arquétipos, a sombra, o processo de individuação e os tipos psicológicos (introversão e extroversão).

Freud continuou a refinar e expandir suas teorias psicanalíticas, que também evoluíram sem a influência das ideias de Jung.


O Impacto da Separação para a Psicologia Moderna

A separação entre Freud e Jung marcou o surgimento de duas abordagens distintas na psicologia. Freud deu origem à psicanálise, que influenciou profundamente a psicoterapia e a psiquiatria, focando-se nos conflitos internos e nos desejos reprimidos. Jung, por outro lado, fundou a psicologia analítica, uma abordagem que valoriza o autoconhecimento e o crescimento pessoal através da exploração dos símbolos e arquétipos do inconsciente coletivo.

Ambas as abordagens são amplamente utilizadas na psicoterapia moderna e oferecem caminhos distintos para o tratamento e o autoconhecimento. Para muitas pessoas, compreender essas diferenças ajuda a escolher a abordagem terapêutica mais adequada para suas necessidades.


Como a Psicoterapia Pode Ajudar?

Um terapeuta segura um caderno e uma caneta enquanto conversa com uma paciente sentada à sua frente, em um ambiente aconchegante de consultório. A paciente, vestindo uma blusa lilás e jeans, gesticula enquanto fala, sugerindo um momento de expressão durante a sessão de terapia.

Se você está buscando um caminho para entender melhor a si mesmo, lidar com conflitos internos ou explorar seu próprio inconsciente, tanto a psicanálise quanto a psicologia analítica podem ser opções valiosas.

Cada abordagem tem suas vantagens e pode ser adaptada para atender às suas necessidades específicas. Um psicoterapeuta poderá ajudar a escolher o método mais alinhado com seus objetivos e perfil.


Conclusão

Capa do livro "Cartas de Freud e Jung", editado por William McGuire e publicado pela Editora Vozes. A imagem mostra uma foto em preto e branco de Sigmund Freud e Carl Jung, lado a lado, ambos vestidos formalmente. Freud segura uma bengala e sorri levemente, enquanto Jung exibe uma expressão séria. A imagem captura o início de uma amizade que evoluiu para uma colaboração intelectual e, mais tarde, uma separação devido a diferenças teóricas significativas
Capa do livro "Cartas de Freud e Jung", editado por William McGuire e publicado pela Editora Vozes.

A relação entre Jung e Freud foi marcada por grandes descobertas e por uma ruptura que moldou a psicologia moderna. Suas teorias, embora divergentes, contribuem até hoje para o campo da saúde mental. Entender essas diferenças é uma porta de entrada para escolher o melhor caminho terapêutico e para reconhecer o valor do autoconhecimento.


Palavras-chave: Jung e Freud, Psicologia analítica, Psicanálise, Inconsciente coletivo, Arquétipos


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